Entre maio e agosto de 2025, o projeto PULSAR realizou um inquérito online a profissionais de saúde LGBTQ+ em Portugal. O objetivo foi conhecer as suas experiências, desafios e perceções no local de trabalho.
O estudo, coordenado pela investigadora Mara Pieri, contou com a participação de 178 profissionais de saúde, entre os quais enfermeiros/as (27%), médicos/as especialistas (23%), médicos/as internos/as (21%) e técnicos/as de várias áreas (17%).
Principais resultados do inquérito:
dos/as participantes afirmam ter sofrido discriminação pelo menos uma vez no contexto profissional.
Foram relatados episódios de ameaças, insultos e comentários homo- ou transfóbicos, bem como impedimentos de exercer determinadas funções — como no caso de um enfermeiro gay que foi proibido de cuidar de jovens do sexo masculino.
já ouviram piadas homofóbicas ou ofensivas no local de trabalho.
Mesmo quando a discriminação não é direta, ou o/a profissional não revelou a sua orientação sexual ou identidade de género, é comum que sejam proferidos comentários sobre outras pessoas durante o trabalho.
considera que ser LGBTQ+ é uma fonte de stress no trabalho.
Ter consciência de que existem colegas preconceituosos, constatar a ignorância ainda presente sobre as questões LGBTQ+ e lidar com a discriminação são fatores de pressão diária que agravam a saúde mental dos/as profissionais de saúde, somando-se a outros fatores de stress já existente.
defende a necessidade de maior formação sobre questões LGBTQ+ para profissionais de saúde.
Mais de metade reconhece que o serviço onde trabalha não está preparado para lidar com pessoas LGBTQ+.
Apesar de alguns dados encorajadores, os resultados evidenciam que ser LGBTQ+ pode ainda dificultar o exercício das funções enquanto profissional de saúde. É, por isso, essencial reforçar as ações de formação sobre questões LGBTQ+ dirigidas a profissionais da área, bem como melhorar as medidas de prevenção da discriminação no contexto laboral.
O projeto PULSAR pretende aprofundar a investigação através de entrevistas qualitativas e irá produzir um manual de boas práticas para profissionais de saúde.

